"Nos dias longos e quentes de verão de minha infância, eu e meu primo gostávamos de pegar abelhas. Saíamos de casa com uma lata de café vazia, cheia de pequenos buracos na tampa plástica. Caminhávamos pela vizinhança, entrando no jardim dos vizinhos, anciosos para sermos os primeiros a ver uma abelha rondando as flores.
Era sempre fácil pegar a primeira abelha; é moleza pegar uma abelha vagarosa e distraída. O difícil era capturar as outras sem deixar que as demais, já presas, escapassem. Eu me sentia poderoso ao segurar aquela lata barulhenta e vibrante, mas, sempre que tentava abrir a tampa, sabia o perigo que me rondava. Finalmente, chegava o momento em que eu tentava colocar mais uma abelha na lata cheia, e o enxame irritado voava para fora no exato momento em que eu deixava a lata cair e corria o mais rápido possível.
Contar mentiras é muito semelhante a pegar abelhas. No início, é simples. Afinal, por que não facilitar as coisas para sim mesmo espichando um pouco a verdade? Mas uma mentira leva inevitavelmente a outras, porque é preciso ocultar a mentira original. Então, a cada mentira que se adiciona à lata, corre-se o risco de libertar as outras, e a lata de mentiras que você é forçado a carregar torna-se cada vez mais perigosa. Em determinado momento, ao dizer mais uma mentira, todas elas escapam, a tampa se rompe, ferindo você e machucando outros que estão por perto".
(Extraído do livro Um mês para viver)
1 comentários:
Nooossa e o pior qe é verdade mesmo, uma mentira leva a outra,só eu sei o sufoco qe passei essa semana USHAUSHAUSHAUSH.
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